domingo, 8 de dezembro de 2013

Rua dos Bobos

  Era uma casa muito engraçada. Não tinha teto, não tinha nada. Ninguém podia entrar nela não. Porque na casa não tinha chão. Ninguém podia dormir na rede, porque na casa não tinha parede. Ninguém podia fazer pipi, porque pinico não tinha ali. Mas, era feita com muito esmero na rua dos bobos número zero. Mas, era feita com muito esmero. Na rua dos bobos. Número zero.
   Uns quatro aninhos, talvez mais ou menos. Curiosa menina, menina curiosa. Leitor conhecedor, tinha eu  minhas diletas cantigas. O Cravo brigou com a Rosa. Toda a história debaixo de uma sacada. Apreciadora de dramas, curiosa menina. Quanta laranja madura, menina... Que cor são elas? Elas são verde-amarela, vira Rhaíssa, cor-de-canela. Vira, Rhaíssa cor-de-canela. Dessa, o agrado servia pela roda atrapalhada, mãos cruzadas. Por certo, tínhamos de virar de costas pra roda. Se essa rua, se essa rua fosse minha, eu mandava, eu mandava ladrilhar. Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes. Para o meu, para o meu, para o meu amor passar. Realmente o agrado de dramas. Certo de que eu refletia sobre eles. Por mais boba que fosse, não era lá boba.
  Mas, a casa... A casa muito engraçada. Desafio. Casa, você existe? Você não existe? Parede, não?! Teto?! Pinico, tudo bem, demagogia minha fazia acreditar que nem precisava mais de pinico. Por que rua dos bobos? E o número zero? Por que o número que existe, mas não é nada?


Haveria alguma casa de número zero que não conhecia? Um conjunto bobo com uma rua boba? Era só um terreno baldio? Então, por que era casa? Por que tão engraçada? Curiosa menina, menina curiosa.




     Uns dezenove anos. Luna? Te chamam de Luna? Luna, luna, luna. Lovegood.


 Daí, Luna? Dai que a Casa sempre esteve ali, apesar de ser tão engraçada aos outros. Dai que existir ou não existir, nem tanto importava. Ela não é bem concreta, nem pé no chão. Teto não! Se é pra ver a lua cheia, Luna. Pinico não porque merda não tinha ali. Ela sim era feita com muito, muito, muito esmero, localizada em um bobo ou uma boba, no começo de tudo, do zero, menina. E aqui ninguém entra porque são os sonhos de um coração.

 Rhaíssa.

Um comentário:

  1. Minha querida filha.
    Cada vez mais afiada sua pena. Maravilha. Lindas e harmoniosas suas palavras. continue assim. Adoro ler suas divagações. Vc continua fantástica. Te amo meu amor. Beijos e muitos beijos para vc. Eu. Seu pai. rsr

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