sábado, 1 de dezembro de 2012

Caça às bruxas

[Oferecido(a) aos batons vermelhos, aos sugeridos decotes, às unhas crescidas, aos vestidos colados, aos shorts curtos, às minissaias,  aos saltos valorosos].




     Nesses tons fantasmagóricos, nesse quarto de lâmpadas queimadas, nessa iluminação única de uma vela, nesse dia chuvoso de 30 de novembro - quase aniversário por falta de 1 -. Nisso, escrevo.

   Quando te são dados teus dotes, bruxinha leitora, tão ou nem tanto furtivos aos olhares, quê fazes deles? Com eles? Neles? Há umas que lhes agradam o ar ou desar enfumaçado enegrecido. Outras que lhe descobrem dons celestes de sua feminilidade, imaculam-se a um só ou a nenhum.

  Certa(s) outra(s), certa de que sou uma incerta dessas, nunca lhe viam dotes até pouco. E assim, como uma vírgula, escondida, transpassada, pontilhada, insegurada, surgem. Olha a si, vê o ontem transformado. Pisca, pisca, fecha, fecha, toca o espelho. Encanta-se, descobre. É bruxa. É fada. É, porque se desencaminha e os leva junto. Enfumaçada e imaculada, tem poder de tudo ser, sem saber.   


                                                                                                                 [Snowhitenwitch]


 Envolve nela ela, nela ele, eles, eles delas. Confusão pronominal, conjugação carnal. Foi pelo Halloween banal.

  Quando vê próprias feitiçarias, enfadanha-se. Fada?

  - Queime a bruxa! Morte à bruxa!
  - Queime a bruxa! Morte à bruxa!
  - Queime a bruxa! Morte à bruxa!


 E quem acredita? Quem defende? Só há falso moralismo. Aponta, aponta, não vê a si. Caça inquisição. Julga, julga, fala, fala, caça, caça. Mata!


 Amarrada, ela se caça. Fada, bruxa? Virgulada, só quer ser menina, só quer ser mulher.


                                                                                         [ A mim D'ada pelo nobre Mosqueteiro].


                                                                                                                            Rhaíssa.

2 comentários:

  1. Belo texto! Cada qual com seu feitiço. ;)

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  2. O que é uma bruxa, não é, mesmo? Um monstro? E quem é a mulher, uma pessoa? Mas se a pessoa pode agir como um monstro, e até mesmo uma bruxa pode agir como uma fada, um questionamento mui necessário se faz: quem é a bruxa, e a mulher, quem é?

    Perguntas filosóficas que escondem as dúvidas mais simples, os mais puros e lícitos questionamentos, que se misturam nesse caldeirão borbulhante. Bolhas, bolhas, bolhas. Estouram, se espalham, efêmeras, coloridas. Frutos de poções sortidas.

    E mesmo tendo usado tão poucas palavras desalinhadas de confusão, sei que me fiz entender por ti. Confusão, senhorita, confusão. E, assim, mesmo sem mudar de faixa...segues ora no sentido, e outrora na contramão.

    Há fumaças que nascem do fogo, e fumaças que nascem do veneno em suspensão. Há uma fumaça palpável, há uma resposta louvável. Há um costume nobre, mas nunca completado. Há palavras com que encerro este texto inacabado...

    ...devidamente comentado. (e sei que você entendeu)

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