sexta-feira, 22 de julho de 2011

Aceita?

       Ei, quero te oferecer uns biscoitinhos. Não posso prometer arrancar-te risos, caro leitor, pois estes, pra mim, envolvem muito mais sons e até mesmo gargalhadas, enquanto que sorrisos consistem mais em gestos. Porém, a esta que te escreve, com certeza são biscoitinhos com risos. Toda a situação muito me sugere minha peculiar capacidade de ser às vezes um pouco "maluquinha" aos olhos dos outros. Quando dizem sem excessos e arrogâncias,  isto simplesmente me provoca risos. Como diria nosso caro Machado de Assis, é o que vais entender lendo.
       Antes, atenta, leitor, que isso aconteceu já faz quase um ano. Minha memória pode acabar sendo falha, mas dobrarei os esforços para não ser tão omissa. Pois bem... Era final de festa, dessas boêmias que acontecem no meio dos "projetos a médicos", como que para aliviar tanto estresse e pressão. Meus pés já não continham mais nos meus sapatos; estes já se encontravam nas mãos mesmo. Vá, tinha acabado a música, já amanhecia e estávamos quase a expulsar os insistentes. Era tudo sujeira onde eu pisava, mas já não me importava. Caro leitor do sexo masculino, não reclamo pois já é hábito, mas te sensibiliza aqui que é muito cansativo usar salto alto durante umas quatro horas e ainda dançar, e dançar muito, como no meu caso particularmente (risos).
      Como tinha dito, o sol já nos dava bom dia. E  fiz também isto, muito alegremente (sem ironias), a todos meus colegas ali presentes, mesmo ainda sob efeitos nada alcoólicos de organizar uma festa para tantos iniciantes, semi ou até mestres alcoólatras, sem ofensas. Cada um com seus problemas e forma de encará-los. Sei que não posso dizer que deste veneno, nunca provarei. Por enquanto não o faço, ou faço muito minimamente, e me sinto bem assim. E advinha? Enquanto ficava sentada no aguardo da carona para a volta à casa, lá me veio um "pinguncinho". Confesso que já parecia sóbrio, não gaguejava e nem estava tonto; como se seu fígado já tivesse tudo degustado (risos). Foi se achegando, apesar do meu desconfio e discrição. Não me lembro ao exato como começou ele a conversa, ou talvez monólogo, sei que começou. Tu é muito linda, e muito mulher, isso dá pra ver no teu olho! Paro um instante para relevar isto; era a frase que ele mais repetia e com muita empolgação (risos). Cara, tu é muito mulher. Eu, com muito receio e distância, agradecia. 
         E ele prosseguia. Você não é mulher de reclamar muito da vida; te vi descalça com o pé todo machucado andando no chão sujo. Guardei-me um pouco o riso, para ele não me interpretar mal. Não o descrevi ainda, certo? Ele parecia ter uns trinta e poucos anos, meio magro e alto, com marcas ainda de espinhas no rosto; a sua fisionomia em si não guardei, afinal evitava seu olhar. E mais uma faladinha, dentre os goles na cerveja. Você é uma mulher muito forte. Aí eu não me segurei. Olha, sinceramente, na minha faculdade ultimamente não tenho me achado forte assim não, pelo contrário (risos). E ele retrucou-me dizendo que apenas eu ainda não tinha descoberto essa força. Nossa, bela tacada, pensei (risos)! Já ao final da conversa, e eis uma ideia inesperada. Cara, quero casar contigo...Quantos anos você tem? Não menti, odeio mentir. Tenho 17. E lá vem ele. Cara, tu é "baby" ainda, muito "baby". Chegou a me perguntar se eu não queria dar o meu número de telefone para ele me ligar daqui uns dez anos. Já estava eu bem receosa e ao mesmo tempo querendo me demorar para receber mais elogios. Hás de concordar comigo, caro leitor, que isso faz muito bem ao ego, principalmente quando ele não anda muito bem como era o meu caso. Logo inventei a desculpa de que a carona já estava para chegar e de lá me afastei. Depois veio ele ou eu, não sei, de novo. Ele ainda chegou a repetir algumas coisas já ditas, mas o novo encontro não rendeu tanto. A carona acabara por chegar realmente.
     No caminho, ria sozinha. Como era possível? Ele nunca tinha me visto antes, eu mal abria a boca e mesmo assim parecia que já me conhecia faz tempo (risos). Ou seria só efeito do álcool misturado a uma vã liberdade de me "paquerar"? Eu sinceramente não sei. Porém, a possibilidade de acreditar que um bêbado foi a pessoa até agora que mais me compreendeu sem eu precisar muito dizer, muito me diverte (risos, ou melhor gargalhas)!
                                                                                                                 Rhaíssa Bentes Leonel

7 comentários:

  1. rsrsrsrsrsrsrs
    eu sei quem é esse bêbado hein rhaíssa! Mt engraçado ele. Agora você discreta com ele?! hahahaha
    Acho que não hein! Você deixou bem na cara o que estava achando, eu sei, tava lá.
    ;*

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  2. Rhaíssa, estou impressionado com o teu texto! Aliás, impressionado, não. Pelo pouco tempo que nós convivemos eu pude perceber o quão profunda e nobre é a tua alma. Este conto, eu tenho certeza, é apenas a ponta de um imenso iceberg que flutua no oceano de tuas emoções. Espero mesmo poder ler mais destes.
    Beijos, Side =)

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  3. Ainnnn, Side, estou lisonjeada. Se serve para brincar com a metáfora, já me derreti pelos elogios, rsrsrs.
    Muito, muito obrigada, meu bem ^^ Sim, pretendo postar muitos mais sim! Qualquer coisa, aviso-te!
    Beijo, André? Ahhh, melhor Side mesmo! rsrs

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  4. Mana, sinceramente nao sei o que dizer. amo seu trabalho. voce é sempre magniiifica no que faz, e sei que a literatura te encanta muito. assim como seus recitais fazem comigo. mas como remonta o nome, sempre procuro ter uns biscoitinhos ao meu lado, ao ler seu blog, para que me sinta um tanto quanto acomodada para relaxar e deixar as palavras fluirem em minha mente. !!!!!! te amooooooooooooooo, minha irmazinha lindaaaa <3 by Thaís Leonel

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  5. Magnífica? Ounn, mana, muito obrigada *.* To bobinha, já, rsrs.
    Realmente diria que literatura tem sido quase inerente ao meu caráter. E sim, mana, os biscoitinhos são todos teus! Aproveita bem, ainda mais tu que me conheces bem e me vês fazendo-os, rsrs.

    Te amo muito também, minha querida irMAMM ;)

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  6. Que estória xD

    Adorei a riqueza de detalhes, fiquei preso, que ficção...

    Será mesmo que o álccol é capaz de fazer com q uma pessoa vivencie e aprecie os pequenos atos? Ou já era qualidade do mesmo?

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  7. Muito obrigada, Jero ^^

    Sinceramente foi a dúvida que eu também guardei. Quem ou o que era ali? Mas, agente não precisa esclarecer essa dúvida né? O bom disso é que ela apenas provoca a dúvida e nos dá possibilidades, caminhos que poderiam ser tomados. É ficção ;)

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